Sol, Lua e Nebulosa de Órion nos mitos Maias

Os Senhores de Xibalba

Embora a maioria dos textos mitológicos do povo Maia tenha sido queimada pelos espanhóis durante a invasão da America, alguns poucos textos resistiram a conquista e ao tempo, e hoje constituem tudo que sabemos sobre a crença deste povo pré-colombiano.

Dentre tais textos o mais importante talvez seja o Popol Vuh (Livro do Conselho), cujos relatos tratam da criação do mundo, dos deuses gêmeos e dos primeiros homens.

E é exatamente sobre este mito que o Mural Filosófico traz, numa versão exclusiva, para vocês:

Há muito, muito tempo, quando as sombras recobriam o mundo e os senhores do submundo governavam o universo, viviam Hun-Hunahpú e Vucuh-Hunahpú, os gêmeos cujas habilidades para o pokatok (jogo com bola), causavam inveja ao mais puro dos seres. 
Todos os dias, quando o desejo de jogar pokatok invadia seus corações, eles se dirigiam para o campo de pedra, logo acima de Xibalba (Nebulosa de Órion); o submundo. 
Os senhores de Xibalba, cuja inveja era conhecida, observavam os jogos todos os dias e viam crescer em seus íntimos a mais torpe das frustrações, por não serem eles os portadores de tal talento e aptidão. 
Certo dia, cansados de observar a felicidade dos irmãos, Hun-came e Vucub-came, convidaram-nos para jogar pokatok em Xibalba, prometendo-lhes melhores campos e melhores condições. 
Felizes pelo aparentemente amistoso convite, os irmãos desceram até o submundo, ignorando as admoestações de sua mãe. Como o convite era obviamente uma armadilha, Hun-came e Vucub-came mataram e esquartejaram os gêmeos, sepultando seus corpos sob o campo e pendurando suas cabeças na árvore principal, como um troféu ao êxito daquele plano torpe.
Certo dia, porém, Xquic; filha de um dos senhores de Xibalba, encantada com a árvore cujos frutos eram tão semelhantes a cabeças, parou para admirá-la e acabou sendo fecundada pela seiva que escorria do seu tronco.
Inconformado com tamanha desgraça, seu pai expulsou Xquic do mundo inferior, obrigando-a a pedir abrigo nos domínios de Xmucane, mais precisamente no mundo superior. Lá Xquic deu a luz aos gêmeos Hunahpu e Xbalanqué, que foram aceitos por  Xmucane como parte da sua propria família.
Uma vez adultos, Hunahpu e Xbalanqué se mostraram exímios caçadores, aventureiros, destemidos e detentores de alguns poderes mágicos.Viviam ignorantes da história de seus pais até o dia em que uma ratazana assustada com a possibilidade de ser comida pelos gêmeos lhes contou a história de Hun-Hunahpu e Vucuh-Hunahpú.
Para vingar seus pais, os jovens partiram rumo a Xibalba e vencendo todos os desafios da longa jornada, desafiaram os senhores daquele lugar. Estes porém lhes impuseram um último desafio, que caso vencessem poderiam se tornar donos de Xibalba e expulsar os antigos senhores do lugar. 
Mais interessados na derrota dos senhores que na possibilidade de herdar Xibalba, os gêmeos aceitaram o desafio, mas arrependeram-se amargamente ao descobrir que se tratava de vencer Camazotz, um ardiloso deus morcego cuja maldade não conhecia limitação. Ele cortou a cabeça de Hunahpu e forçou Xbalanque a jogar pokatok com a cabeça do seu irmão. Xbalanque porém usou do seu conhecimento mágico e colocando a cabeça junto ao corpo, trouxe de volta a vida o seu irmão.
Mas nada disso adiantou, os senhores do submundo aprisionou Hunahpu e Xbalanque e os condenou ao fogo, descobrindo no instante seguinte que mesmo após perecerem sob as chamas, a vida regressava ao corpo dos dois irmãos.
Eles foram obrigados a se sacrificarem muitas e muitas vezes, mas em todas elas retornavam a vida e encheram de curiosidade os senhores de Xibalba. Desejosos dos mesmos poderes, eles ~disseram que partiriam do submundo, sob a condição de que Hunahpu e Xbalanque lhes fizessem o mesmo feitiço.
Hunahpu e Xbalanqué
Hunahpu e Xbalanque aceitaram e depois de dizerem algumas palavras mágicas, disseram aos senhores que estava feito e que poderiam testar caso desejassem.  Animados com a novidade, os senhores de Xibalba sacaram suas facas e cortaram seus próprios pescoços, permanecendo na escuridão da morte para todo o sempre, pois obviamente Hunahpu e Xbalanque não haviam conjurado todo o feitiço.
Graças a sagacidade de Hunahpu e Xbalanqué os senhores do submundo foram destruídos e o lugar se tornou um mero fragmento do que havia sido até então, ofuscado pelo brilho e pela glória dos gêmeos que se tornaram o Sol e a Lua desde então.

Escritora, fotógrafa e naturalista.

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