Tem dias que...

Tem dias que a gente acorda com aquela sensação opressiva de que não estamos vivendo nada. A inspiração cede espaço para pequenas amarguras, e escrever se torna um exercício de remoer nossas pequenas frustrações.
 Nesses dias tudo o que eu sinto é uma vontade imensa de largar tudo, colocar uma mochila nas costas e sair pelo mundo viajando e conhecendo gente. Mas aí eu lembro que até para isso faltam duas coisas: coragem e dinheiro. E a primeira, e justamente mais importante, é que mais me falta.  
 E quem lê essas linhas não sabe o quanto é duro admitir essas fraquezas. Admitir que na medida em que a idade avança a coragem para mudar vai embora, e a zona de conforto passa a ser um lugar extremamente atraente. Admitir que os sonhos vão sendo sacrificados em  detrimento do medo de errar. È que parece que à medida que crescemos, os erros vão sendo menos tolerado e mais criticados. Os dedos apontam em sua direção com mais crueldade. E todos se esquecem de que também já tiveram sonhos um dia, e passam a exigir de você que abra mão dos seus.
As pessoas sempre me dizem que o que mais chama atenção em mim é que eu não perdi a capacidade de sonhar. Dizem que eu sou diferente dos outros pq ainda sonho. Mas aí, em dias como esses, eu me pergunto; por quanto tempo será que conseguirei ser assim? E se eu ficar presa apenas ao sonhar e esquecer-me de partir para a realização? Terá sido tudo inútil e eu terei vivido apenas o sonho da sociedade e não os meus.

Escritora, fotógrafa e naturalista.

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