Em que época estamos vivendo?



 Com certeza, em algum momento, você já deve ter feito a pergunta acima. Afinal, você já estudou que vivemos um período paleolítico, um neolítico, depois de muitos outros veio um colonial e por fim a idade contemporânea seguida da idade moderna. E em todas elas aprendemos que houveram características que marcaram aquele momento e mudanças que trouxeram consequências para a humanidade em todas as épocas seguintes. Mas e a época em que  estamos vivendo?...
 A resposta a pergunta do título é PÓS-MODERNIDADE ou PÓS MODERNISMO. E para melhor complementar o seu entendimento, segue abaixo um  trecho do livro O que é o pós-modernismo de Jair Ferreira dos Santos (1987):

“Há qualquer coisa no ar. Um fantasma circula entre nós nestes anos 80: o pós-modernismo. Uma vontade de participar e uma desconfiança geral. Jogging, sex-shops, mas gente dizendo: "Deus está morto, Marx também e eu não estou me sentindo muito bem." Videogames em casa, auroras de laser na danceteria. Nietzsche e Boy George comandam o desencanto radical sob o guarda-chuva nuclear. Nessa geléia total, uns vêem um piquenique no jardim das delícias; outros, o último tango à beira do caos.”

A presente época em que vivemos, teve início em 1950 com as mudanças ocorridas na sociedade como um todo, mas os setores em que ela foi mais feroz, foi nas artes, na ciência, na economia e obviamente em nosso cotidiano. Veja abaixo mais um trecho do livro de Jair Ferreira, que embasa esta afirmativa:

1. Para começar, ele invadiu o cotidiano com a tecnologia eletrônica de massa e individual, visando à sua saturação com informações, diversões e serviços. Na Era da Informática, que é o tratamento computadorizado do conhecimento e da informação, lidamos mais com signos do que com coisas. O motor a explosão detonou a revolução moderna há um século; o chip, microprocessador com o tamanho de um confete, está causando o rebu pós-moderno, com a tecnologia programando cada vez mais o dia-a-dia.2. Na economia, ele passeia pela ávida sociedade de consumo, agora na fase do consumo personalizado, que tenta a sedução do indivíduo isolado até arrebanhá-lo para sua moral hedonista - os valores calcados no prazer de usar bens e serviços. A fábrica, suja, feia, foi o templo moderno; o shopping, feérico em luzes e cores, é o altar pós-moderno.3. Mas foi na arte que o fantasma pós-moderno, ainda nos anos 50, começou a correr o mundo. Da arquitetura ele pulou para a pintura e a escultura, daí para o romance e o resto, sempre satírico, pasticheiro e sem esperança. Os modernistas (vejam Picasso) complicaram a arte por levá-la demasiado a sério. Os pós-modernistas querem rir levianamente de tudo.Enfim, o pós-modernismo ameaça encarnar hoje estilos de vida e de filosofia nos quais viceja uma idéia tida como arqui-sinistra: o niilismo, o nada, o vazio, a ausência de valores e de sentido para a vida. Mortos Deus e os grandes ideais do passado, o homem moderno valorizou a Arte, a História, o Desenvolvimento, a Consciência Social para se salvar. Dando adeus a essas ilusões, o homem pós-moderno já sabe que não existe Céu nem sentido para a História, e assim se entrega ao presente e ao prazer, ao consumo e ao individualismo.”

Eu ainda vou um pouco mais longe que Jair Ferreira e arrisco dizer que a maior característica da pós-modernidade seria a perda da subjetividade expressa na tentativa hedionda de padronizar o nosso comportamento, associada a uma avalanche de informações desnecessárias que facilitam a instalação da primeira característica. Como eu já citei em uma outra postagem (Conectados a internet, desconectados do mundo), existe uma crescente tendência ao niilismo, em consequência de uma, cada vez maior,  perda da identidade própria e veloz afastamento do mundo real em detrimento do virtual, tornando a nossa sociedade cada vez mais efêmera e superficial.
Admitir tal fenômeno não é nada agradável, e torna-se menos agradável ainda quando tenho que fazê-lo, com crescente frequência, em meio a minhas meditações cotidianas. Mas isso com certeza não é o fim da humanidade, que já se viu em outros momentos tão obscuros quanto este, porém devo admitir que não simpatizo com essa tendência atual, muito embora nem eu mesma saiba precisar o quanto de mim mesma ela já levou embora.

Escritora, fotógrafa e naturalista.

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