Estamos vendendo a nossa moral



 Segundo a filosofia de São Tomas de Aquino, aquele que almejou provar a existência de Deus por meio dos conceitos Aristotélicos, somos dotados de uma consciência crítica que nos habilita a distinguir o justo do injusto, o bom do ruim, o lícito do ilícito, e etc. Isso significa que mesmo que nunca tenhamos lindo em algum lugar, a cerca de uma conduta ética, ainda assim, haverá dentro de cada um de nós uma "voz" a nos indicar o caminho correto. E essa voz chama-se moral.
 Apesar de fortemente influenciada pelo meio e o contexto social no qual o indivíduo encontra-se inserido, todos possuem uma razão que nos torna aptos a definição de homo sapiens. Mas o que tenho visto não condiz muito com essa máxima filosófica e, lançando mão de uma figura de linguagem usual, ousaria dizer que atualmente São Tomas de Aquino anda se revirando em seu túmulo.
 O que estou querendo dizer é que está cada vez mais perceptível o quanto as pessoas tem passado por cima da sua própria moral em detrimento do dinheiro. Atribuindo valores monetários a bens inestimáveis e transformando a sociedade em uma sociedade de mercado, onde praticamente tudo está a venda.
 Abrindo mão dos seus valores morais, as pessoas estão dando espaço para que o dinheiro invada e interfira em diversos setores de suas vidas, bem como sexo, amor, educação... transformando as relações interpessoais e até mesmo a forma como encaramos a fé. Para entender o que digo sobre esta última, basta  que o caro leitor observe a crescente mercantilização das questões relacionadas a fé, que embora já exista desde épocas mais remotas, tem crescido assustadoramente nos tempos atuais.
 Não se tem mais um conjunto de valores bem definidos, que norteiam o caráter e as ações das pessoas, basta que o dinheiro entre e tudo torna-se negociável. Trair, matar, roubar, mentir... tudo passa a ser válido. O que é muito triste, pois destrói a fé em nos mesmos, já que nós tornamos um monte de mercenários contemporâneos.
É fácil perceber que onde entra dinheiro, ocorre uma grotesca deturpação do real sentido das coisas, e embora compreenda perfeitamente a importância que ele possui na sociedade capitalista em que vivemos, penso que é mais saudável estabelecer limites bem claros para a sua atuação. Não podemos deixar que a economia de mercado se estenda tanto a ponto de tornar a sociedade uma sociedade de mercado. E embora essa expansão já venha acontecendo de forma bastante perceptível, ainda existe a possibilidade de refrear esse fenômeno nocivo. Para isso, porém, é necessária uma reformulação do pensamento moral, através da elevação dos valores, que será obtida com a ajuda da educação e do pensamento crítico, sendo portanto este mais um dos motivos que me levam a repetir a minha usual frase, Vamos pensar meu povo!

Por Jamile leidiane

Escritora, fotógrafa e naturalista.

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