Ressonância Mórfica, Inconsciente Coletivo e Luz Astral

Cena do clássico 2001- Um Odisseia no Espaço


 Era uma vez duas ilhas tropicais, habitadas pela mesma espécie de macaco, mas sem qualquer contato perceptível entre si. Depois de várias tentativas e erros, um esperto símio da ilha "A" descobre uma maneira engenhosa de quebrar cocos, que lhe permite aproveitar melhor a água e a polpa. Ninguém jamais havia quebrado cocos dessa forma. Por imitação, o procedimento rapidamente se difunde entre os seus companheiros e logo uma população crítica de 99 macacos domina a nova metodologia. Quando o centésimo símio da ilha "A" aprende a técnica recém-descoberta, os macacos da ilha "B" começam espontaneamente a quebrar cocos da mesma maneira.Não houve nenhuma comunicação convencional entre as duas populações: o conhecimento simplesmente se incorporou aos hábitos da espécie. Este é uma história fictícia, não um relato verdadeiro. Numa versão alternativa, em vez de quebrarem cocos, os macacos aprendem a lavar raízes antes de comê-las. De um modo ou de outro, porém, ela ilustra uma das mais ousadas e instigantes idéias científicas da atualidade: a hipótese dos "campos mórficos", proposta pelo biólogo inglês Rupert Sheldrake. Segundo o cientista, os campos mórficos são estruturas que se estendem no espaço-tempo e moldam a forma e o comportamento de todos os sistemas do mundo material.Átomos, moléculas, cristais, organelas, células, tecidos, órgãos, organismos, sociedades, ecossistemas, sistemas planetários, sistemas solares, galáxias: cada uma dessas entidades estaria associada a um campo mórfico específico. São eles que fazem com que um sistema seja um sistema, isto é, uma totalidade articulada e não um mero ajuntamento de partes.
(Trecho da reportagem Ressonância mórfica: a teoria do centésimo macaco, edição 91 da revista Galileu)

O fragmento da reportagem acima explica, com uma situação hipotética, o que seria a Ressonância Mórfica, proposta por  Rupert Sheldrake no livro A New Science of Life (Um nova Ciência da Vida, em uma tradução livre). Trocando em miúdos o que a Ressonância Mórfica ou Morfogênese propõem é a existência de uma rede invisível que une todos os indivíduos de uma determinada espécie, se valendo de uma energia virtual, até então indetectável.  Desta forma, sempre que um determinado comportamento ou atitude atinge uma massa crítica ela repercute nesta rede invisível que irá se remodelar e influenciar todos os demais indivíduos da espécie.
Assim, podemos entender que; um Campo Morfogênico é uma rede invisível que após ser "estimulada" por uma mudança no comportamento de uma certa quantidade de indivíduos, se modifica de forma a agir sobre os demais membros daquela espécie.

Na psicologia analítica, o nível mais profundo da psique humana é chamado de Inconsciente Coletivo (ou memória ancestral), neste nível estão "arquivados" os arquétipos que são as imagens virtuais herdadas de nossos ancestrais. seus conteúdos podem se manifestar nos indivíduos da mesma forma que também migraram dos indivíduos ao longo do processo de desenvolvimento da vida. Diferente do inconsciente pessoal, onde estão as lembranças esquecidas e reprimidas, mágoas, dores, percepções subliminares e mais uma série de outros estímulos que recebemos durante a vida mas não são suficientemente fortes para serem percebidos pela mente consciente.
Para Jung, no inconsciente coletivo estão as imagens mais primordiais da imaginação humana. São imagens tão fortes e independentes que até parecem ter vida própria, e são facilmente encontradas em sistemas filosóficos que se baseiam na percepção do inconsciente como fonte de conhecimento, tal qual o gnosticismo. Ou seja, as ideias de anjos, demônios, messias, heróis, deusas mães e etc, derivam do inconsciente coletivo, que seria a fonte de todas estas imagens, conhecidas como arquétipos.
Em resumo, podemos entender que; 


 Se você leu até aqui deve estar se perguntando o que, necessariamente, uma coisa tem a ver com a outra. Pois bem, vamos juntar os dois parágrafos em negrito.

um Campo Morfogênico é uma rede invisível que após ser "estimulada" por uma mudança no comportamento de uma certa quantidade de indivíduos, se modifica de forma a agir sobre os demais membros daquela espécie.

o Inconsciente Coletivo é uma espécie de fonte primordial invisível, de onde todos os homens bebem para buscar traços funcionais e imagens virtuais que são comuns a todos, e por consequência acabam moldando sistemas religiosos e correntes filosóficas. 

Como podemos observar, tanto um Campo Morfogênico (Ressonância Mórfica), quanto o Inconsciente Coletivo são "coisas" invisíveis (ou seja, não podem ser detectadas por instrumentos, mas que foram testadas indiretamente) que de uma forma ou de outra atuam sobre os seres humanos, modelando o seu comportamento e sua forma de pensar. E ambos levam a um terceiro conceito que, embora não seja campo de estudo de nenhuma ciência convencional, não pode passar despercebido diante de tantas semelhanças. Trata-se do conceito de Luz Astral, bastante popularizado por Eliphas Levi e Papus, no qual admite-se a existência de uma espécie de campo magnético que circunda toda a terra (ou seria melhor dizer toda a humanidade) onde estão armazenados todos os conhecimentos, do que ocorreu e do que ocorrerá, em qualquer tempo ou lugar. Está achando isso muito improvável? Então não se esqueça de para a mecânica quântica o tempo é um lugar e sua existência não é linear.
Resumidamente, a Luz Astral, ou os Registros Akashicos, como é conhecido por algumas correntes místicas, nada mais é que um campo, uma fonte primordial onde se encontram guardadas todas as coisas que os homens não podem ver com sua mente consciente.
Muito semelhante aos conceitos de Campo Morfogenico e Inconsciente Coletivo não?


"O que está em cima é como o que está embaixo. E o que está embaixo é como o que está em cima"
(Lei da Correspondência)


Escritora, fotógrafa e naturalista.

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